Cerveja e Futebol

Inspirada pelo Mundial de Futebol, ainda antes do campeonato começar, a nutricionista Natália Cavaleiro Costa (consultora dos Cervejeiros de Portugal para o eixo de Saúde e Nutrição) escreveu o seguinte artigo:

“Assistir a jogos de futebol entre amigos são sempre momentos únicos. E se for a final do Campeonato do Mundo, que só acontece a cada quatro anos, é ainda mais especial. Comida, aperitivos e cerveja marcam sempre presença à volta do convívio, nada de novo. Mas e se lhe dissermos que beber cerveja a comemorar os golos pode ser benéfico para a sua saúde?

Sim, verdade. Isto porque nutricionalmente a cerveja é uma bebida muito interessante. Começando desde logo pelo seu valor calórico, 200 ml (a célebre imperial ou fino) equivale a aproximadamente 82 Kcal. O seu teor em água, situa-se entre os 90 a 95%, sendo assim uma boa aliada quando o assunto é a hidratação para os dias quentes. Com mais baixo teor alcoólico, por exemplo em comparação com o vinho, é uma fonte de antioxidantes.


Esse mesmo poder antioxidante desta bebida advém tanto do malte como do lúpulo, e é uma fonte de polifenóis. E sim, também os podemos encontrar numa cerveja sem álcool. Estes polifenóis, sabe-se, são importantes na prevenção das doenças cardiovasculares, na obesidade, diabetes entre outras. Podemos dizer que o consumo destes antioxidantes têm uma ação protetora para o nosso organismo, prevenindo diferentes processos inflamatórios a que estamos sujeitos diariamente tais como: a má-alimentação, o tabaco, o sedentarismo ou mesmo o já tão habitual stress - um facto difícil de controlar.

Decorreu recentemente em Bruxelas o Fórum “Brewers of Europe”, um congresso ligado ao mundo cervejeiro, e lá pude ficar a par das inovações no fabrico e produção desta bebida. Notória a crescente preocupação em sublinhar e comprovar os efeitos benéficos do consumo da cerveja para a nossa saúde, nomeadamente a sem álcool.


E já que estamos em plena final do mundial, sabia que, na Alemanha a cerveja sem álcool é usada como bebida isotónica por vários desportistas? É uma tendência crescente entre corredores, ciclistas e triatletas. A explicação é simples: o seu poder hidratante, devido à alta percentagem de água na cerveja.

Mas para podermos estar perante uma bebida isotónica, esta tem que ser rica em eletrólitos de forma a reequilibrar os sais minerais perdidos na transpiração. E isso acontece! Sobretudo pelo magnésio, muito importante na contração e relaxamento dos músculos, assim como o potássio essencial na prevenção da fadiga.

Mas não é só. No lúpulo podemos ainda encontrar compostos ativos importantes para a prevenção da descalcificação óssea.

E há ainda vantagens no seu consumo antes do treino. Os hidratos de carbono presentes nos cereais desempenham um papel importante nas reservas de glicogénio muscular, fonte energética por excelência dos músculos. Já as vitaminas do complexo B compõe o “ramalhete” final. Estas são de extrema importância para a contração muscular.

Por fim, há que sublinhar o poder antioxidante da cerveja. Esta bebida fermentada ajuda à prevenção de lesões e ao aumento da recuperação na fadiga. Tudo assegurado pelos compostos fenólicos – os ditos polifenóis.

Não podemos esquecer que a cerveja é uma bebida fabricada, desde sempre, de um modo natural, sem adição de conservantes ou qualquer outro aditivo. É uma mistura/fermentação de água, malte, cereais e lúpulo de forma natural e espontânea. Daí ser uma bebida tão interessante do ponto de vista nutricional quando consumida moderadamente na sua versão com álcool (com as doses recomendadas de duas imperiais para o homem e uma para a mulher por dia), ou mais abundantemente na versão sem álcool.

Com toda esta informação e independentemente da equipa que for campeã do Mundo, há mais que razões para comemorarmos. A bem da nossa saúde!”