
No seguimento da comunicação do Conselho Diretivo da Associação Cervejeiros de Portugal ao Senhor Ministro de Estado da Economia e da Transição Digital, Dr. Pedro Siza Vieira, apelando à implementação de medidas de carácter urgente de apoio ao setor cervejeiro de uma formal global, foi ainda evidenciado que existem outras medidas específicas e igualmente essenciais, que devem ser tomadas no que diz respeito, em concreto, às mais de 100 microcervejeiras, localizadas de norte a sul do País.
Neste subsetor, o impacto da pandemia COVID-19 é ainda mais grave pois só de forma marginal conseguem aceder ao canal Alimentar. A atividade destas microempresas depende em mais de 95% do canal Horeca, das feiras e dos eventos de cerveja artesanal que foram, preventivamente, todos adiados e, no pior dos cenários, serão mesmo cancelados no decorrer de 2020.
Francisco Gírio, o Secretário Geral da Cervejeiros de Portugal salienta que “em contacto permanente com as microcervejeiras associadas, a Associação pode constatar que este subsetor está a debater-se com diversas barreiras, nomeadamente no acesso às linhas de crédito bancárias específicas para o COVID-19 para as microempresas, bem como às condições de acesso ao lay-off,. Estes factos foram relatados ao Ministério da Economia e da Transição Digital, na expectativa de ação urgente pois estas soluções são absolutamente essenciais para que as microcervejeiras e microempresas do setor sobrevivam nos próximos 30 a 60 dias”
As microempresas cervejeiras têm o acesso vedado às linhas de crédito de 3.000 milhões que o Governo disponibilizou, uma vez que a banca considera que o CAE 11050, que é o CAE principal de toda a atividade das microempresas do setor cervejeiro (artesanal), não é elegível nas linhas de crédito de apoio às microempresas devido ao COVID-19. Paralelamente, os sócios gerentes destas empresas – que na esmagadora maioria acumulam os cargos de trabalhadores (e bastante ativos) e de acionistas -, veem-se também excluídos no acesso ao mecanismo de lay-off, um problema acrescido para a particularidade da realidade microcervejeira que, de momento, encontra-se sem solução.
A Associação Cervejeiros de Portugal alerta que estas microcervejeiras criaram emprego, desenvolveram as suas redes de valor e de fornecimento junto às suas instalações ao longo dos últimos anos. Por consequência, neste momento, têm em braços o drama da sobrevivência, pois ainda se encontram em fase de expansão do seu negócio e a esmagadora maioria encontra-se ainda em situação líquida negativa, devido aos recentes investimentos realizados, o que tem levado os bancos a considerarem fator impeditivo de acesso às linhas PME.
Já após o envio da carta dos Cervejeiros de Portugal ao Ministro da Economia, no passado dia 10 de Abril, o Governo alargou a linha de 1,3 mil milhões de euros a todos os setores de atividade, independentemente da situação liquida das empresas e setor de atividade, o que muito saudamos.