CERVEJEIROS DE PORTUGAL DEFENDEM O CONGELAMENTO DO IMPOSTO APLICADO À CERVEJA NO OE 2019

O consumo de cerveja em Portugal cresceu 8% no ano passado, mas está ainda 14% abaixo dos valores pré-crise. Para os Cervejeiros de Portugal, a explicação reside no agravamento fiscal a que a cerveja tem sido sujeita. É que apesar de as vendas estarem 14% abaixo das de 2008, as receitas fiscais que o Estado arrecadou com os impostos especiais sobre o consumo (IEC) foram equivalentes. “A fiscalidade dentro do setor atingiu o pico máximo, é incomportável que possa continuar a aumentar. O setor não aceita menos do que o congelamento do IABA [imposto sobre o álcool e as bebidas alcoólicas] no Orçamento do Estado para o próximo ano”, diz o secretário-geral da associação, Francisco Gírio.

Para este responsável, a fiscalidade é o fator que está a impedir a recuperação completa das vendas de cerveja. Até porque, lembra, “a bolsa das famílias também ainda não regressou aos níveis pré-crise”. E, claro, há ainda a questão da justiça fiscal em relação ao vinho, cujo IEC se mantém em zero.

“Não podemos continuar a agravar a injustiça fiscal entre dois produtos que são muito importantes para a economia, para o crescimento e para o emprego, sendo certo que ambos têm dimensão equivalente”, sublinha. Francisco Gírio lembra que a cerveja assegura mais de 82 mil postos de trabalho, diretos e indiretos, além de ser fundamental para a produção agrícola nacional: no ano passado, o setor comprou quase 43 mil toneladas de cevada em Portugal e mais de seis toneladas de lúpulo. E só não compra mais porque não há.

Para este responsável, a fiscalidade é o fator que está a impedir a recuperação completa das vendas de cerveja. Até porque, lembra, “a bolsa das famílias também ainda não regressou aos níveis pré-crise”. E, claro, há ainda a questão da justiça fiscal em relação ao vinho, cujo IEC se mantém em zero. “Não podemos continuar a agravar a injustiça fiscal entre dois produtos que são muito importantes para a economia, para o crescimento e para o emprego, sendo certo que ambos têm dimensão equivalente”, sublinha. Francisco Gírio lembra que a cerveja assegura mais de 82 mil postos de trabalho, diretos e indiretos, além de ser fundamental para a produção agrícola nacional: no ano passado, o setor comprou quase 43 mil toneladas de cevada em Portugal e mais de seis toneladas de lúpulo. E só não compra mais porque não há.

E há ainda a questão internacional a ter em conta. “Este é um setor exportador que compete nos mercados externos com outras empresas, designadamente espanholas, que pagam metade dos impostos que as nossas pagam. O que significa que, na competição externa, as empresas espanholas têm muito mais tesouraria e muito mais cash flow para conseguirem melhores resultados”, frisa. Um produtor de cerveja espanhol paga 9,96 euros por hectolitro de IABA. O português paga 20,86 euros por hectolitro. Em 2005, o IABA para a cerveja em Portugal era de 14 euros por hectolitro, em Espanha eram os mesmos 9,96 euros. “Nunca um governo espanhol aumentou os impostos especiais sobre o consumo à cerveja! E esta começa a ser uma diferença enorme quando estamos a concorrer nos mercados externos”, defende Francisco Gírio, que lamenta que o setor cervejeiro “seja o único, da fileira de valor nacional, com um aumento contínuo de impostos”, apesar de contribuir com mais de mil milhões de euros anuais para a economia nacional.

Francisco Gírio falou ao Dinheiro Vivo à margem do Fórum Europeu de Cervejeiros, que reuniu mais de 900 participantes de 30 países em Bruxelas. Foi a primeira vez que este fórum decorreu na Europa e Portugal fez-se representar por 50 elementos de dez empresas associadas dos Cervejeiros de Portugal. Os mercados, a inovação, a harmonização das cervejas com a gastronomia, as mudanças nas necessidades do cliente e da sociedade foram algumas das outras temáticas em análise. Bem como o fenómeno dos microcervejeiros e os seus desafios: “O mercado cervejeiro mudou em todo o mundo. As cervejas artesanais vieram para ficar, e ainda bem, porque introduziram uma nova sofisticação no mercado, permitindo que os consumidores conheçam hoje novos aromas e novos estilos de cerveja”, sublinha.

No entanto, Francisco Gírio admite que este é um processo complexo. “Nos últimos sete ou oito anos assiste-se a um fenómeno de surgimento de microcervejeiras – o small is beautiful – em que a prioridade é a paixão pela criação de cervejas com aromas únicos e não tanto a rentabilidade do negócio em si. Mas à medida que vão alargando a sua base de clientes, segue-se a fase seguinte, e a tendência é que queiram ser maiores, rentabilizando o negócio, mas mantendo o seu cariz artesanal”, explica o secretário-geral dos Cervejeiros de Portugal. A questão é que “a paixão só por si não chega” e as soluções para o crescimento e desenvolvimento “têm de ser empresariais e de negócio”.

A cooperação é uma das soluções, quer entre microcervejeiros quer entre micro e grandes empresas, e não faltam exemplos. Veja-se o caso da Hoppy House Brewing, a unidade da Central de Cervejas destinada ao negócio artesanal, que se associou à coimbrã Praxis, para relançar a Topázio e a Onyx, e à Post Scriptum, da Trofa, para criar a Loba. Já para não falar da aquisição da Sovina pelo Esporão, um negócio “impensável há uns anos”, diz.

“A cooperação entre empresas é uma forma de crescerem no mercado alargando a base de conhecimento, profissionalizando-se e aumentando a qualidade do seu produto”, acrescenta.

Fidelizar o consumidor é sempre fundamental, mas a grande questão, no mundo cervejeiro, é como. “À medida que o consumidor se sofistica e adquire maiores conhecimentos sobre a cultura cervejeira, como evoluem as suas necessidades? Com cem produtores a fazer IPA (india pale ale), um estilo de cerveja muito apreciado, com um alto teor alcoólico e um amargor clássico conferido pelo lúpulo, ou red ale, um estilo de cerveja maltada e encorpada, será que no futuro o consumidor chega a um bar e pede uma marca específica ou, simplesmente, o tipo de cerveja que quer beber? Como devem os produtores rotular a sua cerveja? Não é uma pergunta de fácil resposta”, admite Francisco Gírio.

Se o futuro não é fácil de adivinhar, há tendências que se podem já apontar. Como a da crescente procura das cervejas sem glúten ou sem álcool. “Com os avanços da tecnologia, as cervejas sem álcool já têm hoje o sabor e a frescura que se espera de uma cerveja com álcool e com uma infinidade de estilos”, garante. “A partir do momento que os produtores perceberam que a cerveja sem álcool não canibaliza o mercado da cerveja com álcool, passaram a apostar neste produto. É uma das tendências de futuro mais previsíveis de antecipar. Basta ver que na Alemanha o consumo deste tipo de cerveja duplica a cada ano”, conclui.


Dinheiro Vivo